Rúbia e Glauco eram irmãos e moravam juntos. Saíam juntos, também. E bebiam louvores a Baco e faziam das noites de sexta e sábado distintas das manhãs de horário-comercial, juntos. Certo crepúsculo de outono, no entretanto da concupiscência, ambos adularam o cogitar de terceira companhia. Apostaram no aliciamento da conivência de incerta barmaid de casa bem freqüentada: guria de um quarto de século de vida. Aquele irmão que obtivesse o cortejo e levasse-a para casa primeiro, calçaria noutro um sexo sodômico. Mas Glauco, a ruminar franjas extras pro negócio, pediu chance a Rúbia, irmã mais vivida e porejada de passados. Rúbia, naquele então, deu duas horas de dianteira a seu irmão. E Glauco meteu-se a caminho.
Desceu do apartamento em cristas confiantes, entrou no carro e cantou pneus lascivos para o avante. Mordeu-se os lábios inferiores até que a dor se cansasse de existir e seguiu a avenida vagalúmica feito moeda rolando em piso marmóreo. No enquanto, Rúbia galhardava-se em banhos, vapores, espelhos e poses. Como se o juízo divino não fosse o bastante.
Poucos ponteiros de relógio depois, Glauco pairava no bar alvejado, cozendo olhares com a barmaid pela faina. Engajando prosa em colegas da moça-matéria-de-pleito, toma ciência prévia de que ela guina-se ao largo para homens da espécie de si mesmo. Que lhe há concessão de êxito, agora há. Pois ninguém no momento havia que se interpor entre Glauco e a moça. A vitória ria-se de costas inductíveis.
Ele pega pelo braço do olhos-nos-olhos, chegando ao cotoveleiro do bar, e faísca-se em papos pela hora da morte, a tatear pela moça. A barmaid, um bocado a só naquele tempo, é toda aquiescência. Tanto o fervor da hipótese do após, que Glauco não se deu pelo prazo: 3 horas já feneceram; sua irmã era bela presente e pousara em canto oposto a ele, naquele platô de copos. Mas ela sondava a moldura, e, como é de se apreciar, apenas aguardava o atendimento de quem alguém já conhece.
A barmaid-aliciável declina-se para Rúbia, indaga-lhe a bebida, e é arrematada por quinhentos dinheiros em mão espalmada.
Glauco palavreia contido, vendo Rúbia e a moça saírem juntas daquele bar, de mãos dadas. Os lábios de Rúbia, de longe, a ronronarem impressões delambidas, deixam-no tocado a se fazer questão disto.
Assim foi do irmão perdido, a quem restaram doses de vodka e cigarros infindos.
Rodrigo da Silva
(vulgo Kamek)
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