Como todo bom saudosista, creio que devo abrir o artigo com o velho “lá em meados de”…
Por volta de 1993, eu tinha 13 anos. Flor da adolescência, nada de sucesso com as garotas, e a perspectiva de arranjar um emprego anunciava o fim da vagabundagem. No entanto, mesmo com a infância ficando para trás, eu acabara por descobrir novos brinquedos: os rpgs.
Comecei pegando uma planilha de personagem do GURPS. Depois, veio o Dungeons and Dragons da GROW. E o Aventuras Fantásticas. E o Dungeoneer, AD&D, Desafio dos Bandeirantes, Vampiro, Lobisomem… essa história, acho que é muito similar a de todos os outros rpgistas.
E, em meio ao novo hobby da turminha, um outro, bem específico e caprichoso me chamava a atenção: o ato de colecionar e pintar miniaturas de chumbo.
Aqui em Guarujá tínhamos uma filial da extinta Forbidden Planet, uma loja especializada em artigos relacionados ao RPG. E vendiam as famosas miniaturas. Mas nunca tive grana para tê-las. Naquela época, havia a revista Dragão Dourado, que dava de brinde uma miniatura de chumbo de fantasia medieval. Dois rapazes da turminha colecionavam as figuras, mas, a pintar mesmo, nenhum de nós se arriscava. Foram poucas as vezes em que as utilizamos em uma partida de GURPS ou D&D, pelo fato de que a maioria do grupo odiava as regras de combate das minis. Eu não me incluía nessa maioria.
Lá se foram vinte anos, e eu aqui num rompante de saudade. Li, em algum lugar, que existem poucos poderes maiores que a nostalgia. Sendo assim, acho que vocês entenderão se eu disser que ao final de 2012, bateu-me a realização de uma vontade antiga: a de colecionar miniaturas de metal. Para pintá-las, principalmente!
Depois de semanas de leitura e estudo, reuni coragem para comprar o material necessário e dar a cara a tapa. Devo agradecer e citar as fontes que foram de imprescindível ajuda para o meu velho/novo hobby:
Riachuelo Games: Zarodinu Blog
Também foram de extrema utilidade os artigos didáticos sobre o hobby, escritos por Marcelo Cassaro nas primeiras edições da antiga DRAGÃO BRASIL, quando ainda se chamava DRAGON.
E assim adquiri um punhado de miniaturas para começar o trabalho. Encomendei uma da Reaper, umas quatro da Kimeron, uma da Wicca Workshop e uma outra importada do site Mega Minis. As encomendas foram chegando aos poucos, mas minha ansiedade não me deixava dormir (sabe como é, medo de fazer uma merda com as minis!).
- Sir Titus!
- Sir Titus!
E, numa bela tarde de domingo, afastei o teclado e o mouse, reuni as tintas e pincéis e botei a mão na massa. Decidi começar o trabalho pelo cavaleiro Sir Titus, da série Dark Heaven Legends, por achar mais fácil por conta da armadura. Engano meu: os detalhes da dita cuja proteção corporal do homem de armas logo tornaram-se um desafio e tanto para um pintor noob!
(Não reparem na espada torta de Sir Titus. Como o chumbo é bem maleável, de tanto mexer, fiquei com receio de quebrar a peça e deixei como está.)
Respirei fundo e meti o primer preto, considerando todas as explanações dos tutoriais que li. Achei melhor o preto pois certos detalhes em que eu usaria de algum escurecimento me economizariam algumas horas de trabalho, o que seria um ônus no caso de usar um primer branco. Bem, como minha primeira miniatura pintada, vejam aí o resultado…
Logo chegaram as outras minis e, já meio desinibido, perdi mesmo a vergonha na cara e taquei pigmentos nos infelizes aventureiros medievais. Devo mencionar que, se você encomendar da Kimeron Miniaturas e solicitar que suas minis não venham pintadas, eles darão um bom desconto, e ainda enviarão montadas em suas respectivas bases. Ponto pra eles!
E lá fui eu pintar o Assassino, a Ladina, o Soldado e o Halfling aventureiro. Não gostei tanto do acabamento, confesso. Mas, um dia, chego lá!
Na sequência, botei as mãos (e os pincéis) no Ranger da Wicca Workshop. Eles produzem miniaturas de 28mm, em estanho, muito bem esculpidas, como podem ver. Serei um freguês assíduo este ano.
E, pra finalizar, pintei a primeira mini que encomendei: um mago que achei no site da Mega Minis, uma loja norte-americana. Notem como ficou meio caca aquele que chamo agora de Ignatius, o cinzento:
Em breve, publicarei mais um diário de ofício, com mais atestados horríveis da incompetência na Educação Artística.
Até lá, amigos!
10 janeiro, 2013 at 8:40
Rodrigo, ficou muito legal! Pintar é uma arte que realmente requer pratica. Minha sugestao é q vc de uma olhada sobre “aguada”, tecnica em que se dilui a tinta na agua (e assim, ela entra nas reentrancias da mini), e o pincel seco (Q pinta as partes salientes). desta forma, sua mini tera uma melhor noção se luz e sombra, profundidade e movimento. Abraço!
10 janeiro, 2013 at 8:59
Obrigado, Rafael. As técnicas de washing e dry brush realmente estão sendo um pouco difíceis pra mim, talvez eu esteja com medo de errar na dose e ser obrigado a fazer tudo de novo. Na pintura do mago eu até tentei a aguada, mas acho que não usei a proporção certa de preto e água…
10 janeiro, 2013 at 22:54
Acho que nenhum site da internet me faz ter tanta vontade de gastar dinheiro colecionando coisas da minha infância quanto o Alforge ^^
Curiosidade: vai criar uma cenário pra deixar suas miniaturas ou vc guarda elas numa caixa mesmo?
10 janeiro, 2013 at 23:11
Quanta honraria!
Bem, por enquanto, as minis que pinto estão numa caixinha de celular, pois não tenho uma prateleira disponível onde deixá-las. Daqui a alguns meses, no entanto, comprarei uma prateleira de seis nichos para botá-las à exposição. Sim, pretendo montar um cenário com elementos de dungeon, com alguams daquelas peças que a Kimeron está vendendo. E lá se vai grana!!
7 março, 2014 at 0:20
Olá Rodrigo, estou pintando algumas miniaturas marvel em chumbo, vc tem conhecimento de qual tinta devo usar para pintar o chumbo?, e se devo usar a tinta misturada com água ou só a tinta mesmo.
Desde já agradeço.
7 março, 2014 at 19:10
As tintas mais comuns (segundo a ideia convencional da arte) são as acrílicas. Aqui no Brasil, as marcas ACRILEX e CORFIX, sendo encontradas facilmente em potinhos de 37ml nas famosas lojas de armarinho.
Alguns praticantes deste hobby preferem usar tinta esmalte, mas a substância tem cheiro forte e exige maior habilidade técnica para sua aplicação.
Existe um certo consenso, também, em relação à qualidade das tintas nacionais X tintas importadas: se você procurar em fóruns e blogs que abordam a arte de pintar miniaturas, descobrirá que todos confirmam que tintas importadas possuem uma qualidade muito superior à das nacionais, por serem projetadas especificamente com um pigmento perfeito para a aplicação em plástico e metais como chumbo e estanho.
Porém, tintas importadas também são caras se compradas aqui, e é preciso um certo conhecimento para comprá-las em sites estrangeiros. Geralmente, gosto de comprar minhas tintas no site miniaturemarket.com ou no atomicempire.com, que são 100% confiáveis.
Já tenho uma boa gama de tintas importadas aqui, gosto de usá-las e em breve mostrarei uma miniatura pintada com tinta nacional e outra com tinta importada, pra que percebam as nuances.
Procure pelas marcas Revell, Vallejo, Reaper Master Series, Army Painter Warpaints, Formula P3 e Humbrol. Você não se arrependerá.
Caso tenha mais dúvidas, leia meio primeiro artigo sobre a pintura de miniaturas, no qual enumerei vários links para blogs que tratam do assunto detalhadamente.
Obrigado pela visita e boa pintura!
8 março, 2014 at 18:18
Obriga pela dica, estou sempre acompanhando seu blog.
Té +
17 março, 2014 at 15:12
Olá Rodrigo, gostaria de saber que tipo de primer vc usa? e se vc passa no pincel ou usa spray.
Desde ja agradeço.
14 setembro, 2015 at 18:41
Legal ler isso, pois eu era o escultor da revista Dragão Dourado.
14 setembro, 2015 at 19:35
Caramba! Mas que visita honrosa!
Cara, teu trabalho marcou época… até hoje me lembro daquelas minis…
Você ainda faz esculturas?