Este artigo é coisa de sebo – tempos atrás, quando o J.M. Trevisan tinha um site no extinto HPG, ele publicou uma tradução que alguém fez (Fernando Aoki) de um artigo do genial Alan Moore. Moore on Writing é nada mais que uma muito coerente e inteligente dissertação acerca do ato de escrever – seja para quadrinhos, literatura ou cinema. Ou seja, um artigo de extrema importância aos que trabalham com a habilidade de escrita. Uma aula de valor atemporal. Confira:
Moore On Writing
A maior dificuldade de escrever sobre qualquer atividade criativa, desde escrever sobre ela mesma até escrever sobre automobile-devouring (devorar automóveis) é que, na maioria das vezes, os artigos ou entrevistas que surgem parecem ser incapazes de se estenderem além de informações técnicas óbvias e listas de instrumentos recomendados. Eu não quero recair nessa mesma linha, dizendo qual máquina de escrever eu uso, ou qual tipo de papel carbono eu acho melhor, já que esta informação não fará a menor diferença na qualidade do que você escreve. Do mesmo modo, eu não acho que uma análise pormenorizada do meu processo de trabalho seja muito útil, já que eu imagino que ele varia drasticamente de história para história, e todo escritor tende a desenvolver sua própria abordagem em resposta a suas próprias circunstâncias.
Além disso, eu não quero produzir nada que lembre, nem remotamente, algo do tipo “How to Write Comics – The Alan Moore Way” (Como Escrever Histórias em Quadrinhos segundo Alan Moore). Ensinar gerações de novos artistas e escritores a copiar a geração que os precedeu foi uma idéia estúpida, da época em que a Marvel lançou seu livro “How to Draw Comics – The Marvel Way” (Como Desenhar Histórias em Quadrinhos segundo a Editora Marvel Comics) e seria igualmente irresponsável da minha parte instruir escritores emergentes ou já consolidados sobre como escrever títulos doentios e extravagantes do tipo “Dawn transformed the sky into an abattoir” (“o alvorecer transformou o céu num abatedouro”) ou qualquer coisa do gênero. John Buscema (autor do acima citado livro da editora) é um bom artista, mas a indústria não precisa de cinqüenta pessoas desenhando como ele, e menos ainda de outros cinqüenta escrevendo como eu (nota do tradutor: do jeito que anda a coisa aqui no Brasil até mesmo um livro “obsoleto” como esse seria muito bem vindo! – eu mesmo aprendi alguma coisa com ele.) Continue lendo